quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Tristeza

Tenho tentado não chorar na frente dos outros, não obrigar as pessoas a carregarem minha dor, mas hoje não aguentei! Eu e minha irmã iamos entrar numa lanchonete quando vi um menino moreninho vestido como eu costumava vestir meu menino, pedi a minha irmã que fossemos a outro lugar e comecei a chorar, as lagrimas brotavam sem o minimo controle. Me senti tão vazia! Andar na rua é hoje a maior prova de coragem que posso dar!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

8 meses

Ontem completou 8 meses que perdi meu filho! Mais uma vez não fui ao cemitério, moro longe e tenho um bebê pequeno, sei que não é desculpa, e realmente me sinto um pouco culpada por isso!
Só não me sinto mais culpada por que sei que meu filho não está ali! Aliás mesmo quando vou lá não sinto a presença dele.Sinto ele perto de mim quando estou em casa, vendo as coisas que ele gostava, os animais que ele tanto brincava, a marca da mão dele feita com tinta guache na minha parede !
Ontem foi um dia dificil ,como todos os outros, o tempo nos acalma mas não diminui a dor! A gente chora menos o que não quer dizer que sofra menos!
A gente nunca se acostuma com a ausência de um filho, nunca !!!

sábado, 14 de janeiro de 2012

Esse é meu príncipe !

Uma prova de amor

Ontem passou no SBT o filme com o nome do post, confesso que ainda não o havia  assistido e confesso que estava ansiosa.
Perdi um filho com câncer e qualquer coisa relacionada a isso me provoca sentimentos contraditórios , sinto vontade de saber mais ,me aprofundar ao mesmo tempo sinto medo do sofrimento que isso possa me causar.
Assisti ao filme sabendo desde o começo que não seguraria as lágrimas e assim foi.
Nas horas em que a personagem estava mal chorei de alívio por meu filho não ter chegado a sofrer tudo aquilo. Nas horas que ela estava bem chorei de tristeza por tudo aquilo que ele não viveu!
O filme fala do direito de partir, de não alongar o inevitável, de morrer com dignidade.
Nunca fui a favor da eutanásia, acho que nem sou! Mas também nunca pensei muito no assunto.
No caso do filme e também no caso do meu filho não se tratou de desligar um aparelho, mas de se negar a procedimentos que alongariam a vida sem sobretudo torna-la melhor.Ela rejeitou o transplante e ela tinha esse direito!
Os médicos do meu filho não o levaram para a UTI, não quiseram nem mesmo usar o aparelho que faria o coração dele bater novamente!  Na hora me revoltei mas me foi explicado que o coração talvez voltasse a bater, mas por quanto tempo? Algumas horas, talvez um dia ou dois ,não mais que isso!
Era justo aumentar o sofrimento do meu filho só pra que eu tivesse algum tempo a mais com ele? Que mãe eu seria ao preferir o sofrimento dele ao meu?
Deixa-lo partir doeu mais do que tudo na minha vida.Não exigi o aparelho.E ele finalmente descansou!
E eu? Não sei, sigo a vida.Mas tenho certeza que quando chegar minha hora quero ter a dignidade de ir ao encontro do meu bebê sem que os médicos me segurem aqui!
Morrer é tão natural quanto nascer! E devemos aprender isso!

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Separação

Transformar duas vidas em uma já é complicado, quando casamos passamos por uma fase de aprender a conviver, aprendemos a ceder e nos transformamos para nos adequar a essa fase.
Mas e quando nos separamos? Esse aprender a viver só parece tão mais dolorido, como não se sentir incompetente quando falhamos em uma relação?
Quando as tentativas passam a doer?
E a separação quando o amor ainda existe? Como é a recuperação de uma divisão tão sem sentido. Mas ao mesmo tempo tão necessária?
Hoje pedi a separação! Amo o meu marido e sei que ele me ama!Mas preciso de um pouco de paz e de solidão!
Me tornei uma pessoa que eu não gosto! Preciso aprender a lidar comigo mesma. Preciso me reinventar!
Estou destruída por dentro, preciso colar alguns cacos. E nesse caso meu marido não pode estar do meu lado. Isso eu preciso fazer sozinha! Ele não entende, acha que precisamos nos apoiar um no outro!
Eu preciso encontrar apoio em mim mesma para que eu possa suportar o peso de uma vida sem meu filho.
Eu preciso lidar com minhas inseguranças, medos e raiva.
Decidi fazer isso ao lado somente de minha pequena. Para o bem ou para o mal essa luta está dentro de mim e é em mim que devo resolve-la. Sozinha!


Um pouco sobre o que aconteceu

 Nesse segundo post queira falar um pouco sobre o Alex! Ele é a razão da minha vida mesmo que ele não esteja presente fisicamente, ele faleceu em maio desse ano, vítima de um câncer no cérebro,  não sei quase nada da doença que o levou, só sei a dor e o desespero que ela me causou! As horas em que pensei que não fosse suportar, as horas em que pensei em pegar meu filho no colo e pular de uma altura em que a queda não tivesse fim!
Foi muito rápido, após a primeira crise de equilíbrio, primeiro sintoma, até o diagnóstico foram 21 dias, nos quais ele fora diagnosticado com: dor muscular causado por queda, garganta inflamada, virose, labirintite, sinusite,  desidratação, hematoma sub-dural , suspeita de meningite.Foram 15 médicos, sendo um particular e um neurologista e uma internação de dois dias . Até que no dia de páscoa após tomografia, chegou-se a hidrocefalia causada por um tumor.  No dia seguinte chegando ao hospital boldrini ele teve uma parada respiratória , e entrou em semi-coma, abrindo os olhos espontaneamente mas sem resposta! Foram mais 25 dias no hospital, uma derivação de emergência e uma traqueotomia . Além do tratamento paliativo , até que no dia 18 de maio ele faleceu.
Ele sempre foi uma criança saudável, como poderia ter câncer? Ele tinha quase três anos, tanto eu quanto o pai não fumamos, não bebemos e acreditem eu nem mesmo sei como é uma droga! Como ? Eu me pergunto até hoje!
O dia que ele faleceu eu fiquei como anestesiada,não gritei nem fiz escândalo, só fiquei calada ao lado dele, sentindo aquela dor imensa, foi uma defesa do meu corpo já que eu estava grávida de pouco mais de dois meses.
E então fui obrigada a continuar viva, a resistir! Tive que voltar para minha casa sem meu filho! Tive que suportar estes primeiros dias terríveis sem a ajuda de calmantes, pois poderia prejudicar a filha que esperava .Mas acho que foi bom! Vivi essa dor intensamente, cada fase, cada nuance,  isso de certa forma me deu forças para seguir em frente, e cuidar da minha gravidez.
Meu bebê é uma criança muito especial! Acredito firmemente que onde ele está, olha por mim e assim como ele fazia aqui, cuida de mim.
Seu tempo foi curto mas a felicidade que ele me trouxe supera até mesmo a morte.
Alex, mamãe te ama!

Primeiro natal sem meu filho

Hoje é véspera de natal,  minha casa não tem nenhum enfeite, minha arvore desmontada dentro do armário e as bolinhas  e pisca-piscas ainda dentro de uma caixa. Não farei ceia, nenhum prato especial, nenhuma roupa nova e nenhuma esperança de que a meia noite o papai Noel chegue!
O que mais dói é que não há presentes para comprar, e que meu filho não está aqui para eu possa abraçar, e dizer que logo á noitinha “Papai El” virá trazer seu presente!
Como se comemora um natal quando o único presente que se deseja é impossível? Quando a única presença que importa é agora uma ausência? Uma ausência dolorida!
Tento encontrar algum sentido, pensar que ele esta bem, e que o natal dele será maravilhoso por que ele ira comemorar ao lado do aniversariante, Que onde quer que ele esteja, olha por mim e me deseja feliz natal!
Mas dói demais, meu colo já não está mais vazio, há dez dias minha princesa chegou nesse mundo, mas meus braços anseiam por um abraço que não chega, e meu rosto espera um beijo de uma boca que não esta mais aqui  e meus ouvidos esperam aflitos para ouvir “mamãe” de uma voz que se calou cedo demais!
Como se comemorar o natal, como se comemora o nascimento de Cristo, quando só penso na morte de meu filho?
Como dói ver todos aprontando suas festas, embrulhando seus presentes, preparando-se para ver a cara de felicidade de seus filhos ao receberem o tão esperado presente!
E eu, aqui, vazia, lutando para me manter em pé, sentido o meu coração ser dilacerado a cada comercial de natal, a  cada musica melosa.
Papai El não virá essa noite!
E que Cristo cuide de todos nós e que ele me carregue em seus braços pois hoje não posso andar sozinha!